sábado, 19 de maio de 2012

Não há categoria fácil no automobilismo de elite mundial!!! bY Marcelo de Queiroz *
Desde que anunciou sua transferência para a Fórmula Indy, muitos se apressaram em rotular o brasileiro Rubens Barrichello como grande favorito ao título da categoria. É um hábito comum à torcida tupiniquim, que sempre age de forma muito passional. Vieram as primeiras corridas e o brasileiro mostrou um desempenho aquém do esperado pela maioria dos torcedores, mesmo sendo um excelente piloto e carregando na bagagem uma carreira de 19 anos na Fórmula 1.
As dificuldades de adaptação de Barrichello demonstram uma realidade que vem se consolidando desde meados da década passada, mesmo que muito se neguem a enxergá-la: não há categoria fácil no automobilismo de elite mundial.
Quando Juan Pablo Montoya trocou a Fórmula 1 pela Nascar, também com resultados iniciais pífios, o pobre colombiano foi alvo de chacota. Na cabeça de muitos, Montoya, egresso da principal categoria do automobilismo mundial, tinha obrigação de vencer com facilidade os ‘caipiras’ da Stock Car americana. Usando uma gíria futebolística, muitos esperavam um ‘chocolate’ de Pablito para cima dos gringos. Não aconteceu.
Kimi Raikkonen fez algumas corridas na Truck Séries: andou bem, mas não teve facilidade. Nelsinho Piquet também foi para a Stock Car americana e não assombrou ninguém. Ralf Schumacher e David Coulthard migraram da Fórmula 1 para categorias de turismo e também não tiveram vida fácil. Todos os pilotos acima citados são competentíssimos, mas não se tornaram bichos-papões em outras categorias só porque vieram da Formula 1. Isso porque, a cada dia, as grandes categorias mundiais estão se tornando mais sofisticadas, mais velozes e com características próprias. A condução refinada que, indiscutivelmente, a Fórmula 1 exige, por sí só não transforma seus pilotos em super-homens invencíveis.
Hoje em dia, a tecnologia está mais acessível. Supercomputadores são comuns e o conhecimento é compartilhado com muita rapidez. Se os engenheiros de uma categoria inventam algo novo, essa novidade chega rapidamente às outras. Os limites estão cada vez mais altos, mesmo nas competições com regulamentos muito restritivos. O resultado disso é que, seja um Fórmula 1, Formula Indy, Nascar ou DTM, andar forte num carro de qualquer uma dessas categorias é andar no ‘fio da navalha’, no limite da capacidade humana de conduzir uma máquina. Nesse contexto, cada categoria exige um nível de especialização, não bastando ‘apenas’ ser um grande piloto.
O resultado positivo disso é que os espectadores, mesmo aqueles sem grande conhecimento técnico, começam a entender as dificuldades de cada categoria, seu valor esportivo e, principalmente, a beleza e a arte que existe na condução de seus automóveis. Estão percebendo também que, além da Fórmula 1 e sua superexposição midiática, existem muitas outras categorias de alto nível, com grandes investimentos de fabricantes e patrocinadores, carros poderosos, pilotos de primeira linha, manobras espetaculares e muita diversão.
* Marcelo de Queiroz é jornalista e editor chefe do site Autopolis (autopolis.com.br), especializado em mercado automotivo.

Um comentário:

  1. Com excessão do excelente Nigel Mansell, nenhum outro piloto ganhou na sequência, as duas categorias máximas do automobilismo mundial: F1 e Indy! Mansell foi campeão mundial na F1 em 1992, se transferiu para a Indy, sem conhecer direito o carro, as pistas e sem nunca ter andado em ovais, foi campeão mundial em 1993. Mansell foi um caso a parte! Além do carro ser de ponta, o "Leão", ainda andava uma barbaridade. Jacques Villeneuve quase conseguiu a façanha inversa, sendo campeão na Indy em 1995, vice campeão na F1 em 1996 e finalmente campeão em 1997. Fazem parte desse seleto grupo, Emmerson Fittipaldi e Mario Andretti. Quanto a Rubens Barrichello, sua equipe não atravessa a melhor fase, tanto é que Antoine Rizkallah Kanaan Filho ainda não mostrou o talento que o tornou o grande Tony Kanaan, campeão mundial da Fórmula Indy em 1995.

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